sexta-feira, 11 de março de 2011

Asas



Eu sinto:
Diante a memória infinitos rabiscos da mente cansada e só.
Bateu na janela da minha alma o vestígio do vento do seu sorriso, e deste lume que é seu arfar nas tardes amareladas, eu tentei enxergar meu caminho.

No despencar da noite me fugiu, da razão e destes olhos cansados, as fachadas e as ruas, tudo que antes reluzia calmo e quieto, tornou-se pântano incerto.
Mas amanheceu, e novamente Apolo me toma no colo, e o que vejo é a vida de volta às minhas mãos.
E o vento que bate nessa manhã em meu rosto, é o vento do recomeço e das memórias rudes adormecidas.

Eu vejo:
Páginas amareladas, fotos velhas, os livros tem algumas pontas dobradas.
Uma boneca vestida de branco, um incensário, uma caveira. Alguns cadernos, uma máscara, cd’s, um grande espelho.Um travesseiro, o vento lá fora, o outono e um sorriso.
E se eu pudesse escolher, me recolheria dos céus em um colo lascivo.

Se eu tenho asas? Apenas não me confunda com um anjo... Definitivamente.


Imagem: Pintura de Claude Monet
Impressionismo

Um comentário:

  1. Acho que com a maioria das pessoas acontece isso. A máscara já borrada que protege durante o dia despenca a noite e revela a face cansada. E nada melhor que carregar nos olhos um sorriso de outrem, ainda que distante.

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