quarta-feira, 23 de março de 2011

Nauta


Nauta que em pleno mar toca tua cítara,
diferente de tudo que dantes vi nos echos
da fleuma, teu semblante furor imita
a embriaguês e mistério dos arabescos.

Neste mar no qual eu submerso rés
Murmurei pra ti um verso dos ‘santa-lúcia’
Apenas para criar um lied nas marés
Na ânsia de diminuir o vácuo que vem pela angústia.

Não existem caminhos certeiros, nem errados.
Todos são passagens que a tempestade enleia
Mas eu permaneço sempre seguindo em nados.
As truculentas passagens que o desejo norteia.

A nota do meu canto harmoniza o uivo da ventania
Se as palavras o tempo destrói, Poseidon, a me guiar,
brame e aumenta meu sopro de vida e calmaria.
Aceno e sorrio. Sempre há caminhos pelo mar.

A vida já nos contou tantas histórias assombrosas.
E dentre estás marcas e sorriso dos caminhos
Já criaram tantas bussolas aleivosas
Que hoje caminhos são feitos sozinhos.

Nauta, tu segues ao leme tua cruzada junto ao mar,
visto que teu sorriso é o farol que abre a bruma.
Eu conheço bem as profundezas e não ei de me afogar.
Mesmo que eu permaneça alguns dias sem ser tua.

A transparência das águas
guardam mistérios que os anjos não vêem.
E perdido o canto da serei nas ondas.
A dor também desaparece no céu.

Os anjos apontam flechas no mar
Pairando com suas asas abaixo das nuvens.
Ouvem então a canção da sereia
e caem embriagados nos corais.

Porque nem sempre, Anjos são anjos

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