domingo, 27 de dezembro de 2009

Mar




Se eu fechar os olhos agora eu vou poder sentir a água cristalina e fresca em meus pés.
Se eu então, ainda de olhos fechados, olhar para cima vou poder sentir o brilho do sol e se eu também abrir meus braços, até mesmo o vento virá.
Mas eu posso continuar aqui, apenas refrescando meus pés, e certa vez ou outra passará por entre eles um pequenino peixe amarelado para me fazer cócegas.
Então eu sorrirei.
Não me importa muito se eu estiver nua em uma praia deserta, ou com um longo vestido branco já um pouco molhado pelos respingos levados e salgados das pequeninas ondas que já se quebraram nos rochedos longínquos ou nos corais coloridos.
O que importa mesmo, é o vento, esse sol leve que não agride, e principalmente a sensação da translúcida água nos meus pés, e às vezes, até calcanhares.
Sinto ainda, que a areia sob mim vai arrastando-se conforme vem e vai cada onda, e eu poderia muito bem ir com elas.
E tudo isso tem um nome muito bonito: “Felicidade”.
Eu posso ouvir cada uma das vagas, as pequenas e sapecas, como também as grandiosas pedindo atenção.
Tudo tem cheiro de maresia, o perfume da liberdade.
E essa é a mais bela composição. Eu finalmente me sinto livre.
Parte desse oceano, dessa praia, dessa confortante solidão e quietude.
Mãe como tantas mães da natura.
Alma, corpo e espírito. Sem separação entre coração, mente e físico.
Sim, e eu finalmente estou livre, só com essas sensações da puríssima água nos meus pés.
Fique um pouco em silêncio comigo. É ainda o som e a frescura das vagas brincalhonas.
Frescor e liberdade, eu rio à toa.
Maresia e água refrescante respingando em minha pele.

E no fim, é hora de abrir novamente os olhos.
Nada de mar, areia, vento ou pés molhados.

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