domingo, 26 de agosto de 2007

Devaneios Inconsequentes



Devaneios inconseqüentes, minha cara!
Quem mais diria desta forma tua esperança?
Que maior vontade te iluminara
No despertar da tua sagrada infância?

Nenhum motivo que te guie ou perfume.
Quem te carrega é tua injustiça.
E não mais lhe proverá o lume
Para teu doce cheiro sumir e tornar-se carniça.

Nada criança, é como tua vaga menção conduz.
Desnudas a carne e o peito oprimido na névoa.
Cobre apenas tuas madeixas com negro capuz,
Para que não te enforques nos cachos das trevas.

Perdoa, anjo, minha lisura desmedida.
Que a muito deixaras te cair no abismo
E a pouca luz do teu outono esta perdida.
Salta para teu acabrunhado lirismo.

Aprendes com os corvos, e te acometas na tua dor.
Impõe teu pesar e pesas esta vontade de sorrir
Que teu sorriso mais me mata que me traz calor.
Neste olor à dor de não poder partir.

Medes o tempo no asfalto e na calçada
Calas teu orgulho e me permite a mão fria.
Teus portões na mentira da paixão calada
Mentes e tomas meu amor por areia fina.

Das-me apenas esta face mascarada lazuli,
Gelada pelo ártico de uma profunda ambigüidade?
Não me aceitas ou me domina em tua buli
Julgas-me, anjo frágil de madeira, sem veracidade.

Deixais de turvações, cara, e te colocas em meu colo
Ou vai logo ao Demônio que devora graça tua.
Pois perder-te me é fúria e beleza de Apolo:
Visto que mata o verme e junto a beleza nua.

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