terça-feira, 31 de maio de 2011
Corvo
As penas pretas, algumas ficam.
Como as voltas do relógio, o ponteiro da vida insiste em revisitar situações.
Me impede.
Sou fraca.
Insisto, continuo insistindo, mas o rio não corre livre seu percurso, ele seca, mingua.
Aguarda sempre a próxima chuva para se renovar.
Seus olhos me encaram.
Quando não me falta o corpo, me falta a mente.
Esvazio.
Carrega-me ao enfrentamento com seu olhar.
Entra em erupção o sangue por baixo das cicatrizes.
Faltam meios para a boca cuspir as palavras e forças nas pernas
pra subir os degraus no caminho.
O vento vem e me arrasta.
Me acompanha o corvo.
As folhas do outono são as poucas cores perante a frágil e débil iluminação da lua.
Eu não me reconheço,
mas reconheço o estado cataléptico no qual me encontro inerte.
Vazio preenchido de negror.
Ah, querido corvo que me tráz à mente a consciencia.
Poderia então levá-la?
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Belo e denso, assim como muitos momentos da vida. Estamos à mercê das curvas, somos os acasos.Adorei.
ResponderExcluirAcredito que existe um imponderável prazer em sofrer no instante em que olvidamos a dor física.
ResponderExcluirO que você escreve é admirável.
Sucesso!
Esse corvo, mensageiro entre os mundos, expressivo em seu silêncio, tão bem escrito por ti,esta muito bom! ^^
ResponderExcluirLindo e intenso.
ResponderExcluirParabéns!
Muito obrigada Vanessa, Adam, Beronique e Allan.
ResponderExcluirFico lisonjeada.