(escrito a cerca de cinco anos)
Goteja no túmulo frio a minha solidão.
Goteja o sangue da paixão.
Entre o negror da noite densa,
Meu sangue mancha o mausoléu,
(enquanto suspiro e lacrimejo ao léu).
Arfa meu peito numa dança lente.
Tu, amor lascivo e sensual,
Tens teu corpo agora putrefato,
E toda aquela palidez bela e sem igual
Hoje jaz num caixão compacto.
Mau choro lava minha alma da agonia
Respiro o cheiro de teu eterno lar,
Junto com flores que colhi sem alegria.
Ah saudade, como eu sempre vou te amar!
Mesmo qu’eu viva sempre triste,
Meu sangue ainda corre por ti, estou desesperada.
Deitada sobre teu sepulcro, a dor persiste.
Eu miro o céu escuro e a lua prata,
Sozinha eu degusto da angústia e da febre,
E ao molhar lábios e todo o rosto com choro
Tento respirar profundo, sem que se quebre
As taças frágeis que guardam o decoro
Que fingíamos possuir depois do fogo.
Ao lembrar eu choro por desafogo.
Ah quanta saudade eu sinto!
E quantas lágrimas de sangue vou derramar
Perdida em dores tenebrosas deste breu?
Mas comigo, eternamente, vou te carregar,
Sempre, como uma doce lembrança, teu riso,
E sempre, como nódoa feroz te sepultar.
A vela do amor sempre iluminará teu sorriso
Firme em minha memória.
Teu semblante jamais se apagará em mim,
Então vai nascer da nossa história
Uma grande árvore de luz sem fim,
Aqui sobre a tua sepultura,
Onde teu corpo dorme como uma escultura.
E as flores serão filhos nossos
Que eu prometo com amor cuidar,
E dos amores dos nossos votos
E lembranças tuas eu vou regar,
Para quando a tristeza, enfim, me levar
E as asas da liberdade vierem me buscar.
(enquanto meu sangue de mim fugir),
Espero, a ti, chegar.
Verei de novo teu sorrir
E nunca mais vai me deixar.
Com esta dança lenta,
Deste arfar do peito meu:
- Ah!Como me atormenta –
E com o sutil balançar dos quadris meus
Vou macular teu sepulcro com a luxuria.
Já os beijos que dou à noite para serem teus
Vão deixar aqui o meu amor,
E por todo esse cruel esplendor
De tristeza, medo e louvor,
È pra que possamos aceitar
Nosso destino de chorar,
Mas talvez se eu me tornar
Amiga desta saudade que mata-me,
Eu possa erguer-me, levantar-me,
Dar a mão à tua alma,
Retomar pelo medo a calma,
E em valsa fúnebre, harmoniosa,
Sob o brilho das estrelas na lua,
Eu me sinta entre a melodia formosa,
Ai, possamos dançar e eu ser tua.
Mas nem que o fogo dos céus
Venha queimar minha carne cálida
(e me dêem como da vida um réu)
Continuarei triste e pálida,
Deixando lagrimas a jorrar.
E sobre este triste fim, teu sepulcro,
Eu juro,
Em meio todo meu medo obscuro,
Juro nunca deixar de te amar
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