segunda-feira, 5 de julho de 2010

Tolice


Tens razão meu amigo. Eu não sou confiável.
Eu me perco com grande freqüência, eu distorço emoções.
Eu sinto tanta dor, e ela logo passa inigualável.
Sinto tanto amor, mas ele se derrete sem condições.

Mas meu coração não. Esse se destrói e se reconstrói
Como mar que te molha os pés e se vai sem dizer adeus, sem avisar
Ou uma melodia de Chopin, Mozart, me corrói.
Mas não volta, só quer pra sempre navegar.

Eu me camuflo no meu medo. Eu sou uma criança frágil e cruel.
Eu nasci para conselhos, para felicitar e para comemorar.
Eu não nasci para o amor. Eu nasci para suportar a dor e o fel.
E, talvez, devesse então calar-me sem antes mais me afundar.

Eu não mereço nada de ti. Nada. E não insisto.
Se me desprezas, ainda devo me satisfazer com o luxo que é teu desprezo.
Se me encantas, eu desisto, se me queres longe eu persisto.
Mas nunca persisto de mais. Eu logo parto sem ensejos.

Eu gosto de partir (além mar), mas não gosto de partir (qualquer tipo de espera).
Ninguém merece esperar-me. Qualquer luz já se pôs.
Eu não sei voltar. Pois se um dia eu soube amar, foi-se em outra era.
Levou consigo e se foi (pra sempre, o amor, a capacidade, os dois).

E falo tanto de mim. Quanta pequenez e mediocridade.
Me desnudo, pois nada pode me dar novamente à luz do brio.
Se me disseram que mereço a solidão. É sim parte em verdade.
Se eu acredito, não mais, e talvez, nunca mais. Vazio!

(Para melhor conviver, vou me esquecer.
Meus fictícios personagens são humanos muito melhores do que eu).
E não há nada para dizer.
Nada, e eu já sei. Adeus.

3 comentários:

  1. CArol, como sempre há uma imensurável identificação com a sua obra, e mais uma vez, parabéns pela sua sensibilidade e competência. Sou sua fã.

    ResponderExcluir
  2. Como sempre sabe se expresar de uma forma unica.
    Carol, nao preciso dizer o quanto admiro a sua força e capacidade de vencer e fazer uma simples caneta e uma papel em branco terem tanto significado.

    ResponderExcluir
  3. Eu já estava com saudades de passar por aqui. Belo, como sempre.

    ResponderExcluir