domingo, 2 de maio de 2010
Quero olhar nos teus olhos vítreos e verdes feito a selva, a chuva sobre o lago cristalino das verdades simples de existir.
Assobiar nos teus ouvidos feito vento, feito suspiro e sonhos.
E me destruir e me renovar para o teu colo.
Existir nos limites da tua existência.
Afogar-me nos teus lençóis, na tua imagem e sobre teu corpo derreter.
Quero te amar nas manhãs como se fosse todo esse tempo o único tempo e o tempo infinito. E todas as noites como se fosse a última cada uma delas.
Quero morrer no teu colo para você morrer no meu ventre.
E sobre todas as pálidas faces da rotina, quero brilhar de fogo nos teus lábios.
Colar teus lábios e tua pele como outra tatuagem, e fazer do teu suor meu perfume.
Entrelaçar meus cabelos na tua barba mal feita e recém desperta.
Aquecer minhas pernas nas tuas pernas.
Penetrar na tua alma pelo teu olhar e pela tua língua.
Viver para dissolver-me em transpiração e juntar cada partícula tua em um mapa a desvendar até familiarizar teus poros à textura da palma dos meus dedos
(e olhar e lábios e tudo o mais).
Despir-te dos medos, das inseguranças e das vestes.
Fazer do teu corpo e da tua alma meu abrigo, e fazer de tudo que é meu, um dos meios de te fazer feliz.
Tudo, pra tentar matar esta saudade, esta vontade de ter-te o tempo todo, como se fosse todo esse tempo o único tempo e o tempo infinito pra eu permanecer mergulhada nos teus olhos vítreos e verdes.
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