quarta-feira, 23 de março de 2011

Nauta


Nauta que em pleno mar toca tua cítara,
diferente de tudo que dantes vi nos echos
da fleuma, teu semblante furor imita
a embriaguês e mistério dos arabescos.

Neste mar no qual eu submerso rés
Murmurei pra ti um verso dos ‘santa-lúcia’
Apenas para criar um lied nas marés
Na ânsia de diminuir o vácuo que vem pela angústia.

Não existem caminhos certeiros, nem errados.
Todos são passagens que a tempestade enleia
Mas eu permaneço sempre seguindo em nados.
As truculentas passagens que o desejo norteia.

A nota do meu canto harmoniza o uivo da ventania
Se as palavras o tempo destrói, Poseidon, a me guiar,
brame e aumenta meu sopro de vida e calmaria.
Aceno e sorrio. Sempre há caminhos pelo mar.

A vida já nos contou tantas histórias assombrosas.
E dentre estás marcas e sorriso dos caminhos
Já criaram tantas bussolas aleivosas
Que hoje caminhos são feitos sozinhos.

Nauta, tu segues ao leme tua cruzada junto ao mar,
visto que teu sorriso é o farol que abre a bruma.
Eu conheço bem as profundezas e não ei de me afogar.
Mesmo que eu permaneça alguns dias sem ser tua.

A transparência das águas
guardam mistérios que os anjos não vêem.
E perdido o canto da serei nas ondas.
A dor também desaparece no céu.

Os anjos apontam flechas no mar
Pairando com suas asas abaixo das nuvens.
Ouvem então a canção da sereia
e caem embriagados nos corais.

Porque nem sempre, Anjos são anjos

terça-feira, 22 de março de 2011

Então vamos lá... Uma postagem diferente.

Faz um tempo tinha visto que certos blogs tem alguns ou muitos selos, que são distribuídos de diferentes formas, por diferentes motivos, e pelos mais diferentes usuários de blogs.

 
Eis que meu amigo de aventuras literárias (ou desventuras, quem sabe) colocou este blog em sua lista, como sugere uma das regras do selo Stylish Blogger Award (Prêmio Blogueiro Elegante) rss, nem tanto acho.


Uma das regras é falar sobre o amigo blogueiro que lhe enviou o selo, assim sendo...
Yvis Tomazini e suas aventuras literárias segundo ele mesmo:
Tem o conto 'O Segredo da Água' publicado na antologia 'Jogos Criminais' (Andross), aguarda ansiosamente o lançamento de outro conto 'Só o Dinheiro dos Mortos' na antologia 'Cursed City - Onde As Almas Não têm Valor' (Estronho) e ficou em 2º lugar no Prêmio Literário Profº Mario Carajabal de Poesias - Concurso Nacional da ALB/SC. Atualmente trabalha na fase final de seu primeiro romance. (e eu sei de coisas e não vou falar rss).
Além disse, seu blog promete bastante:

Próximo passo (e um bem difícil) é divulgar 15 blogs (aiaiai, 15??????) literários e comentar nesses respectivos blogs com link para essa postagem (coisa que o senhor Yvis não fez no meu blog aqui!!! Mas deixemos os puxões de orelha pra lá, porque vai que eu também não faça não é mesmo?)
Oh, Gott. Wie schwer es ist!

São eles:
A Sombra da Lua
Palavra Extinta
Eclipse
Suzy M. Hekamiah
Adolph Kliemann
Furia Lupina
Poesia da Alma Obscura
ARS Poética
Fiel do Fel
Edgar Souza Poemas

Não literários, mas extremamente recomendados:
Prof. Ronaldo Mathias
(sobre política, sociedade e etc)

Blog do Warde
(sobre teatro e muita informação sobre arte)

Bom, e paro por aqui.

Passada essa parte árdua, é necessário falar sete coisas sobre mim ¬¬
Esse blog tem por premissa ter só textos fictícios (ou que pareçam fictícios), porém, será falta de educação não acatar a sugestão tão gentil do Sr. Yvis, sendo assim:

- Amo a cidade de São Paulo.
- Todos os dias que pego metro ou trem quero deixar a cidade de São Paulo.
- Gosto de café, coca-cola, leite, vinho barato e cerveja cara.
- Escrevo porque preciso, faço teatro porque preciso, desenho porque preciso, e por enquanto nada disso paga minhas contas.
- Sou muito racional, mas choro por coisas bonitas.
- Fiz doze cirurgias.
- Amo meus amigos e me desdobro em milhares por eles, mas tenho só um amor.


Bom, é isso, tarefa realizada.
Espero que apreciem os blogs indicados.

Aufwiedersehen

sexta-feira, 11 de março de 2011

Asas



Eu sinto:
Diante a memória infinitos rabiscos da mente cansada e só.
Bateu na janela da minha alma o vestígio do vento do seu sorriso, e deste lume que é seu arfar nas tardes amareladas, eu tentei enxergar meu caminho.

No despencar da noite me fugiu, da razão e destes olhos cansados, as fachadas e as ruas, tudo que antes reluzia calmo e quieto, tornou-se pântano incerto.
Mas amanheceu, e novamente Apolo me toma no colo, e o que vejo é a vida de volta às minhas mãos.
E o vento que bate nessa manhã em meu rosto, é o vento do recomeço e das memórias rudes adormecidas.

Eu vejo:
Páginas amareladas, fotos velhas, os livros tem algumas pontas dobradas.
Uma boneca vestida de branco, um incensário, uma caveira. Alguns cadernos, uma máscara, cd’s, um grande espelho.Um travesseiro, o vento lá fora, o outono e um sorriso.
E se eu pudesse escolher, me recolheria dos céus em um colo lascivo.

Se eu tenho asas? Apenas não me confunda com um anjo... Definitivamente.


Imagem: Pintura de Claude Monet
Impressionismo

Monocórdio



 O som monocórdio por ti jogado pelo regato da lembrança,
Não me sai da memória, e sim, me fustiga de assalto.
E do lied rouco o teu olhar violento me pede esperança –
Pálido nauta que surge da nevoa a brincar no mar alto.

Silencia na luz barroca da madrugada célere a chuva
forte, que nos impede de partir mais cedo. E ainda trame
contra nossos desejos de solidão esta dionisíaca noite turva!
Onde pedes que eu cuide deste cerne que dimana teu sangue.



Imagem:
Peace - Burial at Sea: 1842 de William Turner