terça-feira, 5 de maio de 2009

Vastidão



No cais do porto, em fila ou dispersos, corações aflitos fitam o azul titânico.
As vagas sob as caravelas dançam incessantes assim como o vento.
E as embarcações que lhe parecem fortes aos olhos surpresos e dinâmicos,
São pequenas folhas frágeis nas ventanias do oceano em cruel movimento.

Sempre há os que sobem os degraus das tabuas para o futuro incerto
Por escolha crêem nas promessas e riqueza de valor imenso e seus delírios
Mas tantos garotos que à força sobem sem saber de seu pesar intenso.
E que abusados, forçados e tristes se esfregam no convés de seus martírios.

E são tantas mortes, tanta dor que lhes cerca, que quase lhes finda
A esperança e a crença na nova terra de outros sóis.
Mas sua imaginação o guia – Oh navegadores em exatas ilíadas -
Para o merecimento de grande honra por vencerem o mar atroz.

Ah! Delírio - No peito arde aquela saudade dos pés firmes no chão
Ah! Fantasia - E de tantas belas damas, senhoras e senhoritas...
Dor profunda - Seus amores deixados na sua terra de grande paixão
Sonhos náuticos - Orando para a benevolência de Netuno – musas aflitas.

E grita na garganta o medo e a insegurança das profundezas
Se há sereia que de cansaço lhe vença, destrua e roube o animo.
Apenas bússolas e mapas falhos, coragem e rudeza
Para vencer a fúria das tempestades quando o mar se exalta magnânimo.

Imaginação. A mente turva como a cristalina água sob suas incertezas
Belos e joviais corpos fortes diante o mar desejam carinho e tranqüilidade.
Suscitando em seu peito entre a vasta imensidão dos dois azuis de tênue leveza
Um horizonte vindouro além dos perigos entre as vagas espumantes prateadas

E canta tua melancolia entre o canto das ondas nas cascas de suas naus e erra
Também entre o canto das aves ligeiras que lhes acompanham desde a partida.
Albatrozes imensos que reinam nos ares e lhe trazem lembranças de sua terra
Onde a lua aconchega seus males com o auxilio de alguma doce bebida.

Ah! Delírio - No peito arde aquela saudade dos pés firmes no chão
Ah! Fantasia - E de tantas belas damas, senhoras e senhoritas...
Dor profunda - Seus amores deixados na sua terra de grande paixão
Sonhos náuticos - Orando para a benevolência de Netuno – musas aflitas.

O mar ruge na proa de suas vidas, e muitas vezes parece fim não ter.
O leme é forte e no veleiro o vento valsa em torno de toda sua vastidão,
Tamanho desvario dos caminhos desconhecidos no léu a percorrer.
Mas segue sempre forte no dantesco insano trilho de sua missão.

Chora e sofre seu peito, ao mesmo tempo em que agradece o sol na nuca e o vento.
Sem tempestades a respiração alivia, e finalmente enche o peito com ventura.
O cheiro do mar, o vinho, o limpo céu e as boas histórias lhe servem de alimento,
E seu espírito de júbilo e contentamento se enaltece em brilho digno da natura.

E voltam a perde-se em devaneios saudosos, esposas e filhos em terra os perdoa..
No alento do coração forte que supera a violência de tantas vezes escondido chorar.
Ama com arfar a vida e as boas lembranças que lhe mantêm firme na proa.
Pois nas turbulências das ondas nunca se sabe ao certo o fim de seu navegar.

Ah! Delírio - No peito arde aquela saudade dos pés tendo onde firmar
Ah! Oceano – traz nesta nova terra um grande motivo pra tanto pesar.

sábado, 2 de maio de 2009

Eu.

Carrego a liberdade em minha voz e meu canto, em minha nudez de preconceitos e máscaras, seguindo os barcos em alto mar e não perco a oportunidade de assitir a uma forte e devastadora tempestade. Sou apaixonada pela força e fúria dos tubarões, e aprendi com eles a defender meus sonhos, minhas crenças e principalmente meus ideais. Consumo apenas o peixe que me é necessário para sobreviver. Aceito meu corpo, minha sensibilidade e meus defeitos... Busco ser feminina e lasciva, tanto quanto forte. Orgulho-me de sempre ter coragem de mergulhar mais fundo sem nunca perder a precisão. E acredito que no mais escuro e denso oceano, sempre haverá peixes fosforescentes e corais para me acompanhar. Solitária, desbravo as ondas e oscilações que o mar me traz, pois sei que se eu estou em meu rumo e seguindo o vento de maresia que escolhi, eu sempre estarei em casa. E hoje, minha casa é o Oceano.
Sereia, pela força de minha alma